segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Implicações da utilização de cruzamentos em gado de leite

A produtividade dos sistemas de produção de leite em áreas de clima tropical, como o Brasil, é tipicamente baixa em todo o mundo, quando comparada aos sistemas de clima temperado como parte dos EUA e outros países. Essa falta de eficiência se dá por muitos aspectos, dentre eles estão o manejo nutricional, reprodutivo e sanitário inadequados, aliado ao limitado potencial genético dos rebanhos e condições climáticas adversas. Assim, criadores de países tropicais têm importado animais de raças europeias, com o objetivo de melhorar ou substituir os animais nativos e com isso atender à demanda de produção de leite. Porém, o desempenho dos animais importados tem sido muito variável: os animais têm "potencial", mas a sua produção e sobrevivência dependem do nível de estresse provocado pelo meio ambiente em que serão inseridos.
Em busca da melhoria da produtividade destes sistemas, os cruzamentos entre raças europeias e zebuínas assumem grande importância, sendo amplamente utilizados para melhorar a produção de leite e a eficiência reprodutiva e adaptativa em ambientes tropicais e subtropicais. Fundamentalmente, o principal objetivo deste tipo de cruzamento é utilizar-se da expressão da heterose e da complementariedade de raças divergentes para a obtenção de animais mais adaptados e produtivos sob tais condições.
Ressalta-se ainda que a heterose para a produção de leite é importante em cruzamentos de raças zebuínas e europeias, apresentando valores médios que variam de 28 a 17,3%. Embora em menor magnitude, a heterose é também importante para características reprodutivas e adaptativas, com valores médios de 5,8% para duração da lactação, 11% para idade ao primeiro parto e 9% para intervalos de parto. Estes ganhos genéticos não podem ser igualados por processos seletivos após poucas gerações.
Não obstante, no Brasil, a maior parte da produção de leite é oriunda da utilização de mestiços de raças europeias e zebuínas. Entretanto, os cruzamentos geralmente não são sistematizados, levando a uma grande diversidade de frações raciais e grupos genéticos nos rebanhos, o que dificulta a aplicação de práticas de manejo e alimentação adequadas. A forma mais comum utilizada pelos criadores é o uso de touros da raça Holandesa por um período e quando surgem animais pouco rústicos, retornam com touros de raças zebuínas como Gir e Guzerá. Devido a isso, a avaliação dos cruzamentos e a definição de esquemas apropriados para cada tipo de sistema de produção podem ser muito úteis. Dentre os mestiços, os Holandeses x Gir ocupam posição de destaque.
Em outros países, tradicionalmente grandes produtores de leite, verifica-se também a utilização de cruzamentos, mas são realizados entre raças européias . Nos EUA mais de 95% do rebanho é composto por raças puras, especialmente a Holandesa, entretanto alguns estudos têm sido realizados com o objetivo de se elevar o rendimento por lactação, sobrevivência e características reprodutivas.
Finalmente, os cruzamentos não tem sido amplamente utilizados nos sistemas produtivos leiteiros de países desenvolvidos, exceto na Nova Zelândia. Entretanto a Dinamarca e alguns outros países mostram-se interessados nos sistemas de cruzamentos para vacas leiteiras.

domingo, 25 de outubro de 2009

Produção de bovino superprecoce

A produção de novilhos em sistema superprecoce vem se tornando uma vantajosa oportunidade aos produtores de carne bovina de todo o país. Explorando eficientemente o crescimento do animal é possível chegar ao peso de abate até os 15 meses de idade, liberando as pastagens mais cedo e permitindo maior taxa de renovação de animais e giro de capital. Porém, para a obtenção de resultados satisfatórios é necessário um eficiente programa genético, sanitário e alimentar. Explora-se o crescimento dos animais, que se inicia por ocasião da concepção e termina com a maturidade do animal.
O ponto inicial para se estabelecer o sistema superprecoce na propriedade está na escolha das raças para compor os cruzamentos industriais, uma vez que a precocidade é uma característica herdável e a escolha dos animais deve recair nas raças, linhagens, ou mesmo indivíduos menores que alcançam a puberdade primeiro, o que coincide com os animais mais eficientes para o processo, não deixando de lado a habilidade materna das matrizes no cruzamento inicial (Silveira, 2003).
O genótipo tem grande influência sobre a deposição de gordura. Estudo realizado com Nelore e seus cruzamentos com Angus e Simental mostrou que o Nelore tem como característica depositar precocemente gordura subcutânea (precocidade expressa em relação ao peso e não à idade) e geralmente não apresenta alto grau de marmoreio quando comparado ao Angus x Nelore (Calegare e Lanna, 2003). Parte da falta de marmoreio da carne nacional e do Nelore em particular pode ser explicado pelo longo período de recria a pasto, situação que parece atrasar mais a deposição de gordura intramuscular do que a subcutânea.
Atualmente o produtor está interessado em produzir uma carcaça de peso adequado e com gordura subcutânea mínima, pois garantirá a qualidade da carne no processo de resfriamento. Sendo assim, com a redução da idade de abate, o consumidor é beneficiado com uma carne de melhor qualidade, e o produtor, elimina uma categoria dentro da propriedade, aproveitando melhor a área, podendo ocupá-la com ventres de cria.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009


Seleção para aumento da taxa de crescimento pode reduzir a idade à puberdade,
em machos


Pesquisadores realizaram estudos em suínos machos para avaliar se machos com taxas elevadas de crescimento diário poderiam ser utilizados precocemente nos plantéis, pois o suíno inicia a vida reprodutiva entre 7 e 8 meses. Foram utilizados machos Landrace e Large White selecionados para aumento da taxa de crescimento diário e redução da espessura de toucinho. A puberdade dos machos ocorreu em torno das 19 semanas de idade. Machos de maior taxa de crescimento (813 a 885 g/dia, do nascimento aos 100 kg de peso vivo) apresentaram menor habilidade de monta ante uma fêmea em cio do que machos de taxa de crescimento intermediário (649 a 694 g/dia do nascimento aos 100 kg de peso vivo). Com 6 meses de idade, o número de espermatozóides ejaculados por coleta ultrapassava a casa dos 20 bilhões nos dois grupos de desempenho. No entanto, a qualidade espermática dos machos do grupo de maior taxa de crescimento foi significativamente inferior, indicando que não apresentavam maturidade fisiológica para serem iniciados precocemente na reprodução. WENTZ et al. (1995), FERREIRA
et al. (1995), SCHEID et al. (1997) e BERTANI et al. (1997) concluíram que é a idade, e não a taxa de crescimento, o fator que determina quando os machos jovens devem ser iniciados na reprodução, o que não deve ocorrer antes dos 8 meses.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Você sabia...

O Brasil inaugurou em julho de 2008, a primeira Estação de Melheoramento e Difusão de Genética Animal (EMDAG).
Localizada nas dependências da Embrapa Acre, em Rio Branco, é composta de escritório, laboratório, curral, tronco, brete pastagem e alojamento. A equipe técnica é formada por médicos veterinários, agrônomos, biólogos, técnicos administrativos e de laboratório, secretária, gerente operacional, além de pessoal de campo, os tratadores. A Estação conta com equipamentos de última geração para realização reprodução em animais silvestres, bovinos de leite e corte com grande potencial genético e valor econômico. Atenderá cerca de 400 produtores até 2010, propiciando ao rebanho bovino leiteiro do Acre animais de alto padrão genético e custo acessível.

domingo, 6 de setembro de 2009


Por quê fazer melhoramento genético?


Com o aumento da população humana o homem se viu obrigado a aumentar a quantidade de alimento para poder sobreviver. Poderíamos conseguir isso de duas maneiras: Aumentando a área produtiva ou aumentando a capacidade de produção da área utilizada. Na verdade um método complementa o outro. Simplificando: aumento de produção é igual à soma desses dois fatores principais.

Selecionando os animais e melhorando-os, temos rebanhos com alto padrão produtivo, mas vale lembrar que tudo isso deve ser aliado a uma boa nutrição e manejo adequado.